ONU quer esclarecimentos e investigação sobre atuação policial no Rio


O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) divulgou uma nota nesta sexta-feira (31), em Genebra, expressando “profunda preocupação” com a “Operação Contenção”, deflagrada em 28 de outubro de 2025, que resultou na morte de pelo menos 120 pessoas — entre elas quatro policiais — nas comunidades do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo o comunicado, a ação ‘’atingiu comunidades habitadas majoritariamente por pessoas negras e de baixa renda’’ e teria sido marcada por graves violações. Os especialistas relatam denúncias de que alguns corpos foram encontrados com as mãos amarradas e marcas de tiros na nuca, além de relatos de invasões de domicílio sem mandado judicial, prisões arbitrárias e o uso de helicópteros e drones para efetuar disparos.

“A escala da violência, a natureza dos assassinatos relatados e as consequências para as comunidades pobres afrodescendentes que vivem em áreas periféricas urbanas expõem um padrão profundamente arraigado de policiamento racializado”, destaca o texto.

Na manifestação, os especialistas da ONU pedem que as autoridades brasileiras conduzam uma investigação independente e rápida, com o objetivo de: ‘’garantir responsabilização pelos fatos, interromper violações de direitos humanos e assegurar proteção a testemunhas, familiares das vítimas e defensores de direitos humanos’’.

“Estamos particularmente preocupados com as represálias contra as famílias e testemunhas. As autoridades devem garantir sua vida, segurança e integridade pessoal, e impedir qualquer forma de intimidação, assédio ou criminalização”, afirmam os especialistas. “É responsabilidade das autoridades preservar o local para posterior exame forense.”

O órgão também recorda que episódios de violência policial no Brasil já foram alvo de atenção e alerta por parte de entidades internacionais.

“Este trágico acontecimento ressalta a necessidade urgente de o Brasil rever suas políticas de segurança, que continuam a perpetuar um modelo de violência policial brutal e racializada. As autoridades brasileiras devem romper com o legado de impunidade que caracterizou eventos semelhantes no passado”, alertam.

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem