Decisão judicial e argumentos do MPT
O MPT alegou que o iFood submete os entregadores a um "sistema de servidão digital", burlando o reconhecimento formal do vínculo empregatício e, consequentemente, os direitos trabalhistas. Segundo o órgão, a empresa utiliza estratégias para ocultar a relação de trabalho enquanto beneficia-se economicamente do modelo atual.
A decisão destaca um entendimento divergente dentro do TRT-2, já que anteriormente o tribunal vinha optando por não reconhecer esse vínculo. O caso agora poderá influenciar outros processos semelhantes, especialmente em um momento de crescente debate sobre a regulamentação do trabalho em plataformas digitais.
Resposta do iFood
O iFood se manifestou por meio de nota, afirmando que irá recorrer da decisão. A empresa argumenta que o posicionamento da 14ª Turma prejudica o modelo de negócios e compromete a competitividade no setor. Segundo o iFood:
“A decisão destoa de entendimentos anteriores do próprio TRT-2 e estabelece um modelo de vínculo por hora trabalhada que não está previsto na legislação brasileira, contrariando a dinâmica flexível e autônoma dos aplicativos.”
Além disso, a empresa destacou que a medida contraria o entendimento predominante do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras instâncias do Judiciário, que não reconhecem vínculo empregatício em relações intermediadas por aplicativos. O iFood também alertou para possíveis impactos econômicos:
"Somente em 2023, as atividades do iFood movimentaram R$ 110,7 bilhões, contribuindo com 0,55% do PIB nacional e gerando mais de 900 mil postos de trabalho.”
O papel do STF e a regulamentação
Em março de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que o futuro julgamento sobre a existência de vínculo empregatício em plataformas digitais terá repercussão geral, ou seja, valerá para todos os casos em qualquer instância. Esse julgamento será crucial para definir o tipo de relação de trabalho entre os aplicativos e os profissionais.
O governo federal, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu regulamentar o trabalho dos entregadores e motoristas de aplicativo. No entanto, até o momento, não houve consenso entre governo, empresas e trabalhadores sobre como implementar essa regulamentação.
Contexto e implicações
A decisão da 14ª Turma intensifica o debate sobre os direitos trabalhistas no setor de plataformas digitais no Brasil. O caso também aponta para uma possível mudança na forma como essas empresas operam no país, enquanto a regulamentação oficial ainda está em construção.
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