Canindé de São Francisco e Poço Redondo brigam pela Grota do Angico

A Grota do Angico, local onde foram mortos Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros em 1938, é motivo de uma disputa territorial entre os municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo, no estado de Sergipe. A controvérsia envolve questões históricas, culturais e econômicas, e já se arrasta há mais de 20 anos na Justiça.

A Grota do Angico está situada na região do Xingó, às margens do Rio São Francisco, na divisa entre Sergipe e Alagoas. O local é um atrativo turístico, que recebe visitantes interessados em conhecer o cenário do confronto que pôs fim à saga do bando de Lampião, perseguido pelas forças policiais lideradas pelo tenente João Bezerra.

Porém, há uma dúvida sobre a qual cidade sergipana pertence o local: Canindé de São Francisco ou Poço Redondo. A disputa começou em 1999, quando Canindé de São Francisco entrou com uma ação judicial, reivindicando 30% do território de Poço Redondo, sob a alegação de que a área lhe pertencia por uma lei de 1954.

Em 2011, Canindé de São Francisco entrou com outra ação contra o IBGE, alegando que o órgão errou o censo demográfico entre os anos de 2007 e 2010, e que deveria fazer um novo levantamento de acordo com a lei.

Em 2016, a Justiça Federal deu ganho de causa a Canindé de São Francisco, determinando que o IBGE fizesse uma nova perícia com um GPS preciso, para definir os limites territoriais entre os dois municípios.

Em 2023, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) começou a debater a polêmica sobre os limites territoriais entre Canindé de São Francisco e Poço Redondo, após um pedido de audiência pública feito pela prefeita de Poço Redondo, Aline Vasconcelos.

A prefeita de Poço Redondo afirmou que vai lutar para manter o seu território, que faz parte da sua história, identidade e povo, e que já perdeu povoados e assentamentos em zonas rurais para Canindé de São Francisco.

A prefeitura de Canindé de São Francisco não se pronunciou sobre o assunto, mas alega que tem direito sobre a Grota do Angico e outras áreas, por uma questão de justiça e legalidade.

A disputa entre as duas cidades ainda não tem uma solução definitiva, e pode afetar o desenvolvimento econômico e social da região do Xingó, que depende do turismo e da agricultura. Além disso, pode comprometer a preservação do patrimônio histórico e cultural da Grota do Angico, que é um símbolo da resistência e da bravura do povo nordestino.

Por Dimas Roque

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