Em cerca de 2 mil cidades espalhadas pelo país, os moradores acessam serviços como aposentadoria e regularização de CPF
Junco é um distrito rural do
município de Jacobina de 80 mil habitantes, no Sertão da Bahia. No
Junco, não existe hospital, mas existe um posto dos Correios. A
presença da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é
emblemática nas cidades de pequeno porte do Brasil: mais que a
postagem em si, é através da estatal 100% pública que os moradores
dessas localidades acessam serviços como arrecadação de
aposentadoria e benefícios sociais, regularização de CPF e com
Detran, e até recebimento de material escolar.
Moradora
do Recife, a doutora em psicologia Nathália Diorgenes troca
correspondências regularmente com a família que reside no Junco. “É
muito longe, então têm coisas de documentações, questões de
banco, procurações que a gente precisa enviar. A gente está sempre
precisando desse serviço”, comenta. No entanto, para Nathália, o
Projeto de Lei (PL) 591/2021 que pretende privatizar os Correios
ameaça a sua existência no distrito.
“Fico
pensando se a iniciativa privada vai manter um posto dos Correios no
Junco, ou em qualquer município do Norte e Nordeste que tenha um
tráfego de encomendas menor. Se vai percorrer lugares longínquos,
sem serem asfaltados, ou que se precise chegar de barco para entregar
encomenda. Eu acredito que isso vai afetar muito os municípios e
afetar a população negra, maioria nesses territórios”, pondera.