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Foto: Ricardo Stuckert |
A doença e suas últimas palavras
O agravamento da saúde de Mujica foi comunicado ao público em janeiro de 2025, quando ele mesmo declarou, em entrevista ao jornal uruguaio Búsqueda, que o câncer havia avançado de forma irreversível.
“Estou morrendo. O câncer no esôfago se espalhou para o fígado. Não pode ser parado por nada”, disse Pepe, consciente da situação.
Ele também explicou que não poderia fazer quimioterapia por conta de uma doença autoimune crônica que afetava seus rins, o que deixaria seu corpo ainda mais vulnerável.
"O que peço é que me deixem tranquilo. Que não me peçam mais entrevistas nem nada disso. O meu ciclo terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao descanso", completou, mostrando serenidade mesmo diante da morte.
Ele passou seus últimos dias em casa, cercado de familiares, amigos próximos e da esposa, a também ex-senadora Lucía Topolansky.
Quem foi Pepe Mujica
Pepe Mujica foi uma das figuras políticas mais singulares da América Latina. Ex-guerrilheiro tupamaro, foi preso durante a ditadura militar uruguaia e passou 13 anos em condições duríssimas na cadeia, muitos deles em confinamento solitário. Após ser libertado com a anistia de 1985, entrou para a política institucional e se destacou por sua franqueza e coerência.
Chegou à presidência do Uruguai em 2010 e governou até 2015, com um mandato voltado para políticas sociais progressistas — legalizou o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a produção e venda regulamentada de maconha. Mas Mujica ganhou fama mundial por algo raro na política: sua simplicidade.Morava em uma pequena chácara, dirigia um Fusca azul, doava quase todo seu salário e rejeitava ostentações. Por isso, foi apelidado pela imprensa internacional de “o presidente mais pobre do mundo”.
Seu legado vai além da política: é lembrado por discursos humanistas, cheios de lucidez e esperança, e por uma vida guiada por valores mais do que por poder.
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