Estudante reúne 26 mil assinaturas pela revogação total do Novo Ensino Médio

Fundador da Rede Militei, Gustavo Ferragini, que está no 3º ano do Ensino Médio, engaja apoiadores em uma petição pela derrubada da reforma

Um abaixo-assinado, organizado por uma rede que nasceu para fazer oposição ao Novo Ensino Médio, reúne 26 mil assinaturas pedindo a revogação total da reforma no ensino. A campanha tem à frente o estudante Gustavo Ferragini, que cursa o 3º ano do Ensino Médio e é o fundador do movimento secundarista “Rede Militei”, em São Carlos, interior de São Paulo.

Estudantes do País inteiro estão ampliando as pressões em cima do governo para pedir que o Novo Ensino Médico seja revogado. A petição lançada pelo movimento “Rede Militei”, formado por alunos e grêmios de três escolas, está aberta na plataforma Change.org.

Nesta semana, o Ministério da Educação publicou uma portaria suspendendo a implementação da diretriz por um prazo de 60 dias, enquanto ocorre uma consulta pública.

O aluno Gustavo, que tem 17 anos e estuda em uma escola pública na cidade de São Carlos, afirma que a reforma do Ensino Médio é um retrocesso e precisa ser derrubada.

“Seu currículo é extremamente superficial e coloca em xeque a sapiência construída durante séculos por pensadores e cientistas, a fim de sustentar um discurso de inovar o ensino que justamente mata o ensino de qualidade”, destaca o jovem militante secundarista.

No abaixo-assinado, a Rede Militei afirma que a medida põe em risco o desenvolvimento de habilidades fundamentais dos alunos, já que muitos conteúdos passaram a ser contemplados de forma “ superficial”. Veja: Aqui.

O chamado “Novo Ensino Médio” é fruto da lei 13.415/2017, aprovada pelo Governo Federal na gestão de Michel Temer. A medida alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino Médio, diminuindo progressivamente as disciplinas tradicionais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Desde a aprovação, em 2017, a lei enfrenta resistências.

De acordo com Gustavo, além de o novo sistema extinguir da grade curricular várias disciplinas essenciais para a formação de cidadãos reflexivos, ele ainda afeta os estudantes porque muitos não estão cursando os itinerários formativos escolhidos e, aqueles que cursam, percebem que o projeto pedagógico “é raso”. “Trocou o conhecimento pela informação”, diz.

Pela nova diretriz, “itinerários formativos” substituíram disciplinas de biologia, física, química, história, geografia, filosofia e sociologia, bem como diminuíram, consideravelmente, as aulas de língua portuguesa e matemática. Além disso, como há escolas não preparadas para contemplar todos os itinerários, muitos estudantes estão cursando grades que não optaram.

“Essa nova diretriz educacional possui muitas falhas: ignora a desigualdade presente na infraestrutura das escolas públicas, aumenta o desinteresse pela aprendizagem e não equipara devidamente a BNCC como prometido, visto que as bases teóricas verdadeiramente necessárias para a formação crítica e científica foram substituídas por um ensino fraco e repetitivo”, destaca o jovem, que atua na difusão científica e em projetos de sustentabilidade.

A expectativa de Gustavo é que o Novo Ensino Médio seja totalmente revogado e, em seu lugar, um currículo pedagógico bem estruturado, coeso e não-excludente torne o processo de ensino-aprendizagem de real qualidade. “Cada direito conquistado nasceu das lutas que alguém travou. Afirmo com veemência: nossa vez de lutar chegou”, avisa o jovem. 

Para isso, a Rede Militei conta com a intensificação da pressão a partir do abaixo-assinado. Além da petição, o grupo também tem se reunido em atos de rua. Com apoio da sociedade, a organização surgiu para difundir a oposição contra o Novo Ensino Médio em São Carlos e com o objetivo de apoiar as lutas pela educação e pela ciência no Brasil.

“A expectativa é que nossa petição continue sendo um instrumento para reunir em uníssono nosso brado de resistência contra o Novo Ensino Médio. Cada assinatura, compartilhamento e comentário soma nesse ideal coletivo”, explica o militante secundarista

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