Diarista que foi humilhada por bolsonarista por ser eleitora de Lula, trabalhou na roça quando criança e sonha que filhos façam faculdade

 A diarista Ilza Ramos Rodrigues, que teve marmita negada por empresário bolsonarista ao saber que ela era eleitora de Lula, relata sua vida de atribulações.

Rivaldo Gomes/Folhapress

Ilza, ficou conhecida, após sua imagem ser exposta por um bolsonarista que a humilhou em vídeo dizendo que ela não receberia mais nenhuma marmita por ser eleitora de Lula.

Bolsonarista humilha mulher que necessita de ajuda para ter o que comer, só porque ela diz votar em Lula. O vídeo circula em grupos de whatsapp, e ainda não conseguimos informações sobre quem seria o "cidadão de bem". pic.twitter.com/XcMHz7kkG7

— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) September 10, 2022

O empresário Cássio Joel Cenali, ligado ao agronegócio, disse que Dona Ilza não receberia mais marmita por ser eleitora de Lula.

Bastante humilhada, a diarista revelou que ficou muito mal diante da situação. Segundo ela, uma pessoa que tem dinheiro não tem o direito de humilhar quem não tem, como ele fez com ela.

"Era uma doação, sabe? Para mim, doação é de coração. Não pode colocar política no meio, e infelizmente ele fez isso. Não precisava, né?"

A diarista começou a trabalhar na roça aos 8 anos. Uma vida sofrida, que nenhuma criança deveria passar. 

Atualmente ela faz bicos na área de limpeza. Mas, a família passa por muitas dificuldades. 

Ilza mora com os 3 filhos de 19, 22 e 24 anos na cidade de Itapeva, interior de São Paulo. O sonho de ver os filhos formados é grande. O filho de 19 anos afirma que não existem oportunidades para os jovens na sua região.

Ele trabalha como gesseiro e sonha em fazer uma faculdade e assim melhorar de vida e poder ajudar sua mãe.

Mesmo diante da repercussão, Ilza se manteve fiel ao Lula e disse querer muito conhecê-lo.

"Ah, eu quero falar com ele. Aquele vozeirão dele. Eu admiro ele, e não é por política, é pela pessoa que ele é, ele sempre foi por nós, ele sempre foi pelas pessoas pobres."

Diversas doações, estão chegando na casa da diarista. O MST inclusive se comprometeu a doar cestas básicas durante 6 meses.

Por Kátia Figueira de Oliveira