Sara Winter muda-se "de mala e cuia" para Viamão, no RS


Abandonada por Bolsonaro após prisão, extremista Sara Giromini muda para Viamão - a cruz de ferro nazista tatuada no peito

De batismo, Sara Fernanda Giromini. Nas redes sociais, Sara Winter, personagem e sobrenome macabros aos que conhecem a História. Nascida em São Paulo, presa em Brasília, esta mulher de 29 anos deixada de lado pelo presidente que defendia tenta afastar a pecha de bolsonarista. E escolheu a Velha Capital [Viamão foi capital do RS antes da fundação de Porto Alegre, atual capital] para se refugiar de suas próprias contradições. 

Conforme o Diário de Viamão apurou, a extremista de direita está vivendo no município. Ainda tento checar os motivos e o tempo de permanência, mas quem confirma a residência por estas bandas é ela mesma, em vídeo divulgado em rede social. Na gravação, Sara convida amigos de Farroupilha para uma visita, cita Viamão e diz que "agora é vizinha” do pessoal da serra gaúcha.


Por questões éticas, não divulgarei o bairro de Sara. Pelo bom jornalismo e em respeito às vítimas do Holocausto, não repetirei a alcunha em alusão direta a integrante da União Britânica de Fascista que virou espiã nazista durante a segunda Guerra. Mas não se trata de “infeliz coincidência” de nomes como a “homônima” brasileira agora tenta fazer parecer. Até porque bastaria abandoná-lo junto com a mortalha que carrega.

As convicções políticas, sociais e religiosas de Giromini, aliás, formam um trágico conjunto de “infelicidades”. Se diz católica, mas defende armas e a solução de conflitos por meio da força bruta. Já foi feminista, hoje abomina o movimento. É contrária ao aborto, contudo admite publicamente já ter se submetido a um. Clama pela volta da ditadura, mas se vitimiza diante de Polícia e Judiciário ao se autoproclamar presa política.

Quem milita pela liberdade não defende governo pautado pela opressão. Ou se brada pelo fim da corrupção, ou se ataca vacinas e as instituições democráticas. Ninguém protesta nua em um dia e acorda antifeminista noutro. Não vale alegar desconhecer leis ou uma das maiores barbáries humanas para sair de inocente. Ainda que tentem, ninguém se esconde do próprio passado, nem mesmo caindo de paraquedas em Viamão. E não adianta apelar para Deus.

Ativismo pró e contra Bolsonaro em momentos distintos | Reprodução/Twitter

Sara, desde jovem, flerta com o nazifascismo. Carrega tatuada, acima do seio esquerdo, uma cruz de ferro, condecoração militar alemã que virou símbolo do terror de Hitler ao ser dada por ele aos membros do Terceiro Reich. A ativista radical já foi ligada à organização feminista ucraniana Femen, e com a ascensão do radicalismo político no Brasil, ganhou destaque nas redes sociais e liderou movimentos extremistas em defesa do governo Jair Bolsonaro.

Sara e sua relação estreita com as armas | Reprodução/Instagram

Aos que chegaram hoje na Terra, em maio de 2020, Sara foi uma das organizadoras do acampamento chamado 300 do Brasil, que de acordo com reportagem do jornal Estadão, teve despesas bancadas pela Havan. Tal movimento resultou na agressão de um repórter do veículo de mídia. Em 15 de junho do ano passado, acabou presa após disparo de fogos de artifício contra o prédio do Supremo Tribunal Federal por membros do grupo comandado por ela.


Não esquecendo, Giromini foi candidata a deputada federal pelo DEM em 2018, mas recebeu apenas 17 mil votos e não se elegeu. Mesmo assim, mudou-se para Brasília e conseguiu um emprego no Ministério dos Direitos Humanos da Damares Alves. A militante só se colocou na posição de bolsonarista arrependida após ter que, literalmente, segurar sozinha o rojão disparado contra Alexandre de Moraes e os demais ministros do STF.

Sem voto e sem apoio político, a extremista se reorganiza. Diz ter se aposentado do "ativismo de rua" (segue vendendo livros sobre o tema em sua loja virtual), recomeçou redes sociais, mudou cabelo, tom de voz e o discurso. Por outra “infeliz coincidência”, guardadas as proporções, acabou como alguns dos nazistas que fugiram anonimamente para o sul da América do Sul após a segunda Guerra. Não é a Argentina, é Viamão. Ela não é Alemã, é brasileira. E tal como a inglesa que lhe atribui nome, não foi punida por seus atos.

Perfil atribuído a Sara | Reprodução/Instagram

Espero ter a chance de entrevistar pessoalmente a Sara, mas não por prazer, apenas por dever profissional. Considero que em entrevista, cabe a versão; Aqui – sendo essa uma coluna – me dedico à opinião, a apontar as incoerências. A mim reservo o direito de não dar a chance de arrependimento para a Sara. Mesmo que tente passar despercebida pelas ruas da Velha Capital, precisa ser notada, nunca esquecida por seu lugar equivocado na história.

A cruz de ferro no peito, mesmo que encoberta, com ou sem relação direta com o nazismo, sempre estará lá.

Fonte: Cristiano Abreu para o Diário de Viamão

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