Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que organiza o
projeto, diz que continuará a servir refeições no bairro em imóvel cedido por
uma moradora
A Polícia Federal, com apoio da Brigada Militar, realizou na
manhã desta quarta-feira (13) o despejo da Cozinha Solidária da Azenha,
ocupação de um imóvel no bairro Azenha, em Porto Alegre, que desde o dia 26 de
setembro tinha por objetivo servir refeições para moradores, trabalhadores e
pessoas em situação de rua da comunidade em situação de vulnerabilidade
alimentar.
A coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que organizou a ocupação, afirma que as refeições continuarão a ser produzidas em um espaço cedido por uma moradora do bairro e oferecidas, a princípio, em uma praça.
A Cozinha Solidária da Azenha foi realizada em um terreno
(Av. Azenha, 1018) que pertence à União, mas estava abandonado há anos. Por
meio da Superintendência de Patrimônio, a União reivindicou a reintegração de
posse desde o dia 27, o que foi concedido pela Justiça Federal no mesmo dia.
O MTST apresentou recurso ao Tribunal de Justiça e diversos
pedidos de reconsideração à juíza Ana Maria Wicket Theisen, da 10ª Vara Federal
de Porto Alegre, mas o último deles foi negado nesta terça-feira (12).
Por volta das 7h desta quarta, agentes da Polícia Federal e
da Brigada Militar foram ao local para cumprir a decisão da juíza. Sem mais
alternativas para discutir a ação na Justiça, os integrantes do MTST deixaram o
local.
Coordenador do MTST, Eduardo Osório diz que, ao longo de 18
dias, a Cozinha Solidária serviu mais de 3 mil refeições, entre 150 e 200 por
dia. A intenção do movimento é continuar a oferecer o serviço.
“Mesmo com o descaso do governo federal com o sofrimento,
com a fome que assola o País, nós do MTST mantemos o compromisso de não
interromper o funcionamento da Cozinha Solidária, de não deixar de atender
essas 150 ou mais pessoas que dependem dessa refeição diariamente, nem que a
gente tenha que cozinhar na praça. Mas o envolvimento da comunidade foi tão
grande, que várias vizinhas ofereceram uma garagem, uma cozinha
provisoriamente. Então, hoje, e nos próximos dias, conseguimos um espaço
provisório para não interromper o funcionamento da Cozinha Solidária”, disse.
Nesta quarta, a Cozinha irá produzir o almoço na Marcílio
Dias, 1641, um imóvel cedido por uma moradora do bairro que apoia e fez doações
ao projeto. Mas a ideia, ao menos hoje, é de que o almoço seja oferecido em uma
praça do bairro.
Na segunda-feira (11), o MTST se reuniu com o
vice-governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, para tratar da reintegração.
Na ocasião, o movimento solicitou que o governo estadual interviesse na
situação para evitar o despejo.
Ranolfo informou que o governo não poderia intervir, pois
não era parte do processo, mas se comprometeu a disponibilizar, por meio da
Secretaria de Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social, 200
refeições ao dia no PopRua RS, da avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 155,
bairro Praia de Belas, para atender a demanda de pratos que eram servidos pelo
MTST. A previsão é que essas refeições comecem a ser oferecidas no dia 19 de
outubro.
Eduardo Osório pontuou que a demanda da Cozinha Solidária
não necessariamente é a mesma que será atendida no PopRua, localizado a cerca
de 3 km do local em que eram servidas as refeições. “Nós ficamos felizes que o
governo do Estado tenha ampliado o número de refeições, mas não é a demanda que
é atendida pela Cozinha Solidária da Azenha”, diz.
O imóvel ocupado pelo MTST deve ir a leilão neste mês de
outubro.
Fonte: Texto de Luís Gomes – Sul21 via CUT
Postar um comentário