Fiocruz defende medidas restritivas e emite sinal de alerta para variante Delta

Apesar de o Brasil registrar queda no número de casos de Covid-19 e também de internações e mortes em consequência da doença, os sinais ainda são de “alerta”, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com o avanço da variante Delta, a entidade defende medidas restritivas urgentes para barrar mais uma onda da doença no país.


De acordo com a Fiocruz, o estado do Rio apresentou aumento no indicador de casos pela terceira semana seguida, voltando a atingir 70%, o que não ocorria desde meados de junho. O estado sofre um agravamento da pandemia com aumento de diagnósticos da variante Delta, os sinais indicam que a nova onda pode atingir todo o país.

Especialistas criticam a omissão do governo federal no combate a pandemia. Para eles, a principal forma de evitar que a situação do Rio se repita no Brasil inteiro é instaurando uma nova fase da pandemia com retorno a medidas mais restritivas, e não o afrouxamento, como decidiram o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD).

A variante Delta já domina 37% das amostras de Covid-19 analisadas no Brasil, e a variante gamma, 62%, segundo a Gisaid, plataforma que monitora o avanço das variantes em todo o mundo. No caso do Rio de Janeiro, a proporção é de 48% para a Delta e 36% para a gamma. A cepa indiana está presente em 76% dos 92 municípios do estado.

A Fiocruz alerta ainda que o estado do Rio de Janeiro concentra vários casos da variante Delta, e também apresenta indícios de aumento do novo coronavírus. Nesta mesma situação estão os estados do Rio Grande do Norte, Bahia e Paraná.

Além do Rio, que chegou a 70% dos leitos ocupados, Paraná também registrou aumento na taxa, passando de 59% para 61%, com destaque para elevação expressiva do indicador na capital do estado, Curitiba (65% para 73%). 

Tendência preocupante

O estudo da Fiocruz aponta duas tendências consideradas preocupantes pelos pesquisadores: a alta circulação do vírus, e o aumento no número de internações para algumas faixas etárias, especialmente entre idosos.  

Em São Paulo, por exemplo, mesmo com o avanço da vacinação, mais de 60% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com Covid-19 na rede particular de hospitais do estado de São Paulo têm mais de 70 anos, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Hospitais Particulares de São Paulo (SindHosp). O número  corresponde a 52% do total de internações.

As internações em enfermarias e em UTIs, além dos óbitos, voltaram a se concentrar na população idosa, que apresenta maior vulnerabilidade dentre os grupos por faixas etárias. 

“Com relação aos óbitos, a mudança é mais dramática: há novamente uma concentração dos óbitos nas idades mais longevas, com completa reversão da transição da idade ocorrida nos meses anteriores”, observam os pesquisadores da Fiocruz.

O estudo defende a importância da aceleração da vacinação, do uso de máscaras e do distanciamento físico.

“Há uma retomada da circulação de pessoas nas ruas próximas ao padrão anterior à pandemia, devido a uma sensação artificial de que a pandemia acabou, contribuindo para um relaxamento das medidas de prevenção por parte das pessoas e gestores”, afirmam os pesquisadores.

Pandemia no mundo

Segundo a Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos lideram em número de mortes pela doença no mundo, com mais de 624 mil óbitos.

Já em número de contaminações, os EUA e a Índia ficam à frente do Brasil no ranking mundial, ainda segundo a Johns Hopkins. Os Estados Unidos têm 37 milhões de contaminações pela doença e a Índia registra, até o momento, 32 milhões de casos.

O Brasil aparece em seguida, com 20.494.212 de contaminações pelo novo coronavírus.

Pandemia no Brasil

Nesta quinta-feira (19) foram registradas 979 mortes e 36.315 novos casos de Covid-19 no Brasil, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

No total, o país já soma 572.641 mortes e 20.494.212 de contaminações pelo novo coronavírus, números que tornam o Brasil o segundo país com mais mortes e o terceiro em casos confirmados da doença.

Sete estados brasileiros ultrapassaram a marca de 1 milhão de contaminações: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Santa Catarina e o Rio de Janeiro.

O estado de São Paulo lidera com mais de 4 milhões de contágios e 143 mil óbitos causados pela doença. 

Pandemia no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul registrou 42 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES) desta quinta-feira. Com isso, já são 33.887 vidas perdidas por conta da doença no estado. O RS é o quinto estado em número de vítimas fatais no país.

Foram notificados hoje 1.758 novos casos da doença no RS, o que elevou o total de infectados desde o início da pandemia para 1.395.995 pessoas. 

De acordo com a pasta, Porto Alegre foi a cidade com maior número de vítimas fatais, sendo 15 óbitos. Outras diversas cidades registraram de um a dois óbitos.

Dos 497 municípios gaúchos, somente dois não têm registro de vítimas fatais. São eles Benjamin Constant do Sul e Novo Tiradentes. 

A ocupação geral dos leitos de UTI no estado marca 60,5%, conforme dados da SES atualizados às 18h desta quarta-feira. São 2.020 pacientes em 3.340 leitos de UTIs. Destes, 28,7%, ou seja, 580 são ocupados por pacientes com covid-19, e 124 (6,1%) estão sob suspeita.

Os leitos de UTI da rede privada registraram 79,6% de ocupação. Já os leitos do Sistema Único de Saúde têm ocupação de 54%. Dos 2.495 leitos SUS em operação, 1.348 estavam ocupados.

A ocupação dos leitos de UTI em Porto Alegre registra a marca de 76,05%. Um hospital opera acima de sua capacidade e um está com ocupação no limite, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde atualizados às 18h desta quinta.

Dos 673 pacientes em cuidados intensivos na Capital, 168 têm covid-19 confirmada. Além disso, 14 têm suspeita da doença e três positivados aguardam na emergência por leitos.

Na quarta-feira (18), a Prefeitura de Porto Alegre confirmou a transmissão comunitária da variante Delta no município. Por sua vez o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) comunicou, nesta quinta-feira, mais duas mortes de pacientes relacionadas ao surto de covid-19 na instituição, totalizando 14 vítimas. O número de contaminados neste surto chegou a 136, com 86 pacientes e 50 funcionários diagnosticados.

Entre os pacientes, 38 estão em enfermarias, 11 em leitos de UTI e outros 23 já tiveram alta hospitalar. Já entre os funcionários do GHC, 36 estão em isolamento domiciliar, dois estão hospitalizados, dois tiveram alta e 10 já retornaram ao trabalho.

Fonte: CUT RS 

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