Associação de juristas quer que Bolsonaro apresente provas sobre suposta corrupção no Supremo

joédson alves

A Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD) protocolou na sexta-feira (29), no Supremo Tribunal Federal, uma interpelação para que a Corte exija que o presidente Jair Bolsonaro apresente esclarecimentos sobre suas insinuações durante uma espécie de “aula” - que deu durante o intervalo de uma entrevista à TV Jovem Pan -, sobre supostos favorecimentos em contratos de pedágios e sobre propinas na escolha dos ministros do STF. Bolsonaro não sabia que estava ao vivo, e ao ser avisado por sua assessoria, parou de falar. 

Entre as declarações "presidenciais" feitas por Bolsonaro, estão a afirmação de que receberia propina em caixa de sapato:

"No passado, o cara que fazia contrato levava uma caixa de dinheiro embora, metia a caneta no contrato e passava para R$ 20, o pedágio. Assim que funcionava. Ou não era assim? (…) Pra mim é fácil: 'manda um sapato número 43 para mim, meu número aqui, tá? Um beijo'. Sem problema. Chega o sapato número 43 cheio de notinha de cem verdinha dentro."

Em seguida, Bolsonaro perguntou aos presentes se saberiam o preço de uma vaga no Supremo. Avisado de que estava no ar, ele interrompeu a frase no meio do raciocínio e se calou:

"Presta atenção, pessoal. Quanto você acha que vale a vaga para o Supremo Trib…?"

Na ação encaminhada ao Supremo, a ABJD pede que a Corte solicite a Bolsonaro informações sobre pagamentos de propina de que tenha conhecimento, no âmbito da administração pública direta ou indireta, e que apresente as provas dos fatos mencionados. 

Os juristas querem ainda que esclareça se em algum momento houve pagamento ou promessa de pagamento feito ao presidente para que fosse favorecido algum candidato ou pretenso candidato à vaga no Supremo. Na petição, a entidade justifica os pedidos de esclarecimentos:

"Os esclarecimentos são absolutamente necessários com o propósito de buscar informações detidas sobre a manifestação de Bolsonaro, visando eventual e futura apuração de possíveis violações legais, quer no âmbito da administração pública, quer nas esferas penais e civis".

Leia aqui a petição.

Por Carla Kunze

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